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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ANÁLISE - Fernando Pessoa

Tão abstrata é a idéia do teu ser Que me vem de te olhar, que, ao entreter Os meus olhos nos teus, perco-os de vista, E nada fica em meu olhar, e dista Teu corpo do meu ver tão longemente, E a idéia do teu ser fica tão rente Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me Sabendo que tu és, que, só por ter-me Consciente de ti, nem a mim sinto. E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto A ilusão da sensação, e sonho, Não te vendo, nem vendo, nem sabendo Que te vejo, ou sequer que sou, risonho Do interior crepúsculo tristonho Em que sinto que sonho o que me sinto sendo. Se você ficar atualmente na saudade e com muita dificuldade sem lugar ao sol. Atirando ao vento as mazelas, todo mundo se parece de um forma tão normal. Estão cumprindo seus roteiros, vivendo o dia inteiro e fazendo tudo igual.
http://www.youtube.com/watch?v=kGuyLsccQSg

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